Mostra Audiovisual
Sertão Mundo
Ariano Suassuna, em entrevista ao documentário O Povo Brasileiro, sobre a obra homônima de Darcy Ribeiro, afirma que “a beleza do Sertão está ligada ao grandioso”. O Sertão é impressionante, não somente pelas suas características físicas ou geográficas, mas pela imensidão humana e criativa que carrega em si, que transpassa fronteiras, pois como diz Guimarães Rosa, “o Sertão está em toda parte, o Sertão é dentro da gente”. Ninguém passa incólume ao Sertão. Algo dele nos toca, nos afeta, nos embriaga, nos inquieta. Não há nada de romântico nisso, mas há um tudo de poesia. Nesse contexto, a imensidão do Sertão é, portanto, uma experiência humana, estética e poética que, no encontro com corpos e mentes abertos a esse sentir, emana criações, potências e possibilidades outras.
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É nesse trilho que a III Semana de Humanidades do Campus Ouricuri toca seu bonde, rumo ao encontro das criações, potências e possibilidades com as quais esse Sertão, tão grandioso quanto o Mundo, nos agracia. A Mostra Audiovisual Sertão Mundo vem apresentar, assim, produções artísticas que falam a partir do Sertão, e também sobre “os Sertões que estão dentro de nós”.
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Está composta pelo documentário O Bem Virá, da diretora e professora de História, Uilma Queiroz, e por quatro programas. São eles: 1) Povos Tradicionais reúne oito curtas-metragens, uns que tratam da temática indígena e outros que foram produzidos por indígenas ou comunidades quilombolas. São filmes que abrangem os povos Wajãpi, Xavante, Mbya Guarani, Pankararu e Huni Kuin, bem como a comunidade quilombola de Conceição das Crioulas. Em termos de abrangência geográfica, são produções do Pará, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Acre; 2) Sertões Contemporâneos apresenta três curtas-metragens, sendo eles: Urbano Sertão, dirigido pelo ouricuriense João Karkará Kariri; Um amor em quarentena, gravado em Morada Nova-CE; e Desyrrê, produzido em Triunfo-PE. Além disso, reúne quatro clipes: Reza; Tenho sede, Estado Caducante e Coringa blues. São produções cantadas e filmadas a partir de uma identidade sertaneja e/ou nordestina contemporânea e até mesmo futurista, que indaga a nação brasileira sobre sua atual situação política. 3) Transgressões Poéticas para Barrar o Desastre congrega os resultados de uma residência artística ocorrida de agosto a novembro de 2021 com as artistas Amanda Martins, Letícia Rodrigues e Yasmin Rabelo (Petrolina-PE), Luana Rachel e Malu Siqueira, da Cia. M.E.D.U.S.A. (Bodocó-PE), Maria Santorini (Salgueiro-PE), Zuleika Bezerra (Juazeiro-BA) e Arthur Jacques (Divinópolis-MG). O tema central é a atual catástrofe social, política e ambiental que se abateu sobre o Brasil; e 4) Polifonia Travesti, que nos apresenta as artes, as trajetórias e as potências de Núbia Kalumbi, Oraci Terra e Killauea (Petrolina-PE), Catarina Almanova (Recife-PE), e Renna Costa (Buíque-PE), cinco mulheres travestis que, por meio de suas produções, escancaram a realidade de violência que experimentam cotidianamente, a luta que travam pelo direito de existir com dignidade e o futuro que traçam para si, justo, humano e melhor.
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Aproveitem tudo. A Mostra Sertão Mundo é um respiro que traz arte, é arte que traz vida.
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Evoé!